Fatores que influenciam o consumo

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Como é que nós influenciamos o nosso consumo energético?

Até à data, estudos cientificos indicam os seguintes tipos de fatores que podem explicar o nosso consumo energético:

  • Fatores sócio-demográficos: idade, género, nível de escolaridade, situação de emprego, rendimento, composição do agregado familiar, características da habitação (tipo de habitação, tamanho, idade, propriedade), fase do ciclo familiar, localização geográfica, posse de tecnologia doméstica e conhecimento técnico;
  • Hábitos e rotinas no agregado familiar: dias da semana/fim de semana versus dias de trabalho; momentos do dia (diferentes momentos como manhã, tarde e noite, envolvem diferentes atividades).

Fatores sócio-demográficos

As caraterísticas do agregado familiar determinam o consumo de energia doméstico através dos seguintes aspetos: número de pessoas no agregado, e idade e fase da vida familiar. Em termos de número de pessoas por agregado familiar, famílias alargadas consomem mais energia de forma geral, no entanto o consumo de energia per capita tende a ser mais reduzido, uma vez que esse consumo é partilhado pelos vários residentes.
O consumo é também influenciado pela idade das pessoas e a fase ou transição familiar, isto é, o consumo costuma aumentar desde o momento em que nascem crianças, e durante a fase de crescimento das mesmas, devido a mudanças ocorridas na realização de tarefas domésticas, tais como limpeza, cozinhar refeições e tratamento de roupas. Acrescem também, as tarefas de entretenimento em casa ou lazer através da utilização de eletrodomésticos para o efeito, como televisão, playstation, computadores e tablets. Outras transições, como a ausência de um membro familiar, ou a mudança no número de pessoas que compõem o agregado com o nascimento de uma criança, a entrada dos filhos na faculdade (quando se ausentam de casa), ou a mudança dos avós para a casa dos filhos, influenciam de igual forma o consumo doméstico.

As caraterísticas da habitação onde vivemos têm impacto no consumo de energia, estas características incluem o número de pessoas que habitam o mesmo espaço, e as características físicas do edifício em si, em termos de dimensões e isolamento, por exemplo. O consumo energético aumenta por cada divisão extra, tal como ter uma garagem, um anexo ou uma cave. Este consumo aumenta devido ao fato destas divisões serem muitas vezes sujeitas a aquecimento externo e, por consequência utilizar mais eletricidade. A forma como as casas de banho estão estruturadas, por exemplo, casas de banho com banheira usam mais eletricidade ou gás, para o aquecimento da água para tomar banho. Num estudo realizado com base em estatísticas recolhidas sobre casas privadas e aquecimento na Holanda (Santin, Itard and Visscher 2009), com uma amostra de 15000 casas, apenas 42% da energia usada para aquecimento era explicada por características dos edifícios ou construção. O tamanho da habitação aumentava as necessidades energéticas. O comportamento dos ocupantes da habitação e características das mesmas, apenas explicaram 5% do uso de energia em comparação com as características de construção.
As características da habitação, por exemplo uma moradia ou apartamento, influenciam o consumo energético, sendo que apartamentos têm na sua maioria, menores necessidades energéticas quando comparados com moradias isoladas ou geminadas. As moradias têm por norma, maiores dimensões logo, espaços com maiores gastos energéticos.

A localização geográfica da sua habitação determina as necessidades energéticas da mesma. A título de exemplo, as casas situadas nas regiões a sul, por norma, apresentam um menor consumo energético quando comparadas com habitações localizadas nas regiões situadas mais a norte. As habitações em zonas rurais têm maiores necessidades energéticas do que as localizadas em zonas urbanas, devido à variabilidade de habitações que existem nestas localidades (casas independentes ou isoladas versus apartamentos), diferenças nos estilos de vida, e a orientação das habitações em termos de luz solar e do vento. A localização poderá, também, ter um impacte em termos de preferências dos habitantes relativamente a medidas de conservação de energia, como por exemplo, medidas locais para encorajar e compensar medidas de eficiência energética, podendo as mesmas estarem disponíveis em medidas diferentes nestes dois tipos de localidades.

Alguns estudos indicam que a posse de produtos tecnológicos domésticos de alta qualidade poderá indicar uma tendência para a compra de produtos associados a níveis de inovação tecnológica com maior qualidade. Por conseguinte, a compra de aparelhos ou equipamentos que permitam a poupança e a conservação de energia. Por outro lado, pessoas que tenham conhecimentos técnicos mais elevados, poderão apresentar maior resistência a equipamentos mais complexos e, como consequência não proceder à compra de equipamentos de conservação de energia, se os percecionarem como muito complexos e difíceis de efetuar a manutenção por eles próprios.

Caso os membros da família sejam detentores de alguma alergia, geralmente representam maiores cuidados na limpeza da habitação, e no tratamento da roupa, através da utilização mais frequente do aspirador ou de temperaturas mais elevadas na máquina de lavar. Como resultado, tendendo a maiores consumos de energia e maiores gastos energéticos.

A presença de animais domésticos, também, pode implicar cuidados mais frequentes com a limpeza da casa levando a que se utilize o aspirador mais frequentemente.

Em termos de escolaridade, quanto maior for nível educativo, mais conhecimento, consciencialização e preocupações ambientais se verificam. No entanto, níveis altos de escolaridade, não resultam automaticamente/diretamente numa maior adoção de comportamentos amigos do ambiente. Em termos de situação de emprego, o que se tem vindo a verificar é que, este aspeto influencia a capacidade financeira das famílias para investir em medidas ou equipamentos relacionados com a eficiência energética. Famílias com agregados em situação de desemprego têm outras prioridades além da poupança energética. A situação de emprego influencia o estatuto socio-económico das famílias e, por conseguinte, o seu rendimento anual.  Um maior rendimento permite que as famílias tenham maior capacidade de investir em produtos e melhorias que aumentem a sua eficiência energética, através, por exemplo, da compra de eletrodomésticos mais recentes e mais eficientes.

Apesar de vários estudos abordarem o efeito do género no consumo de energia doméstico, não se constatou diferenças significativas entre géneros, ou consistência em termos de resultados, concluindo que este efeito tem pouco poder expressivo quando comparado com outros fatores.

Hábitos e rotinas do agregado familiar

O consumo doméstico de energia, apresenta uma variabilidade em termos de dias da semana e dias do fim de semana, devido ao tempo disponível para efetuar certas atividades em casa ser maior aos fins de semana, e certas atividades de organização familiar se concentrarem nestes períodos do dia. No entanto, esta tendência poderá variar de acordo com o número de pessoas no agregado e com as rotinas de trabalho. Caso tenham trabalhos por turnos rotativos, o consumo será mais expressivo, por exemplo, nos dias de folga.

Em termos de momentos do dia, por norma, o maior consumo doméstico acontece entre as 6h e as 9h da manhã, e no período da tarde, entre as 17h30 e as 23h. Isto para a maior parte dos agregados com rotinas que incluem deslocar-se para a escola e trabalho durante o dia, e regressar ao final da tarde. Este consumo está associado, sobretudo, à preparação de refeições e à utilização de sistemas de entretenimento, tais como, consolas, televisões, computadores, entre outros. Passaremos a explicar de que forma, cada uma dessas atividades representa um maior ou menor consumo de energia.

Atividades que realizamos no nosso dia a dia e que requerem o uso de electricidade

Nesta secção iremos explicar de que forma cada atividade doméstica pode ser realizada de forma diferente e com menor ou maior impacte no consumo energético da nossa habitação. Assim, para cada atividade apresentamos três cenários distintos: um cenário no qual a atividade é realizada numa perspetiva de manutenção do conforto pessoal, outro, na perspetiva ambientalista  e, finalmente, um cenário baseado na utilização de energia renovável. Abaixo são descritas cinco atividades domésticas: 1) cozinhar ou preparação de refeições; 2) realização de atividades de limpeza; 3) lavandaria e tratamento de roupas; 4) cuidados de higiene pessoal, e 5) atividades de entretenimento.

Cozinhar ou preparação de refeições

Realização de atividades de limpeza

Lavandaria e tratamento de roupas

Cuidados de higiene pessoal

Atividades de entretenimento

Hábitos Domésticos

Além das atividades domésticas que utilizam energia elétrica, todos nós temos uma série de hábitos domésticos nas nossas habitações que, de certa forma,  têm impacto no consumo de recursos como eletricidade, água, ambientais ou até financeiros. Expomos aqui alguns exemplos de hábitos ou práticas.

Fatores
Atividades
Hábitos

Bons hábitos

Abrir as janelas, os tapassóis ou os estores é fundamental para regular a temperatura e garantir a circulação de ar. Estes são meios de arrefecimento naturais sem necessidade de recorrer ao uso da eletricidade.

Evitar que o frigorífico tenha que recorrer a um maior consumo para acomodar um artigo com uma diferença de temperatura grande quando comparado com os itens que já estão lá dentro.

Poupança de água e de energia para aquecimento da água utilizada no duche.

Evitar desperdício de eletricidade, ao reduzir o tempo que a chaleira necessita para aquecer somente a água que necessita.

Reduz o tempo de cozedura, aproveita ao máximo o calor quer seja fogão a gás ou a eletricidade.

Utilizar outros meios de deslocação que não o seu automóvel aumenta a sua poupança com deslocações, reduz os seus gastos pessoais em termos de combustível, manutenção automóvel e estacionamento caso se encontre a trabalhar em locais onde seja necessário pagar para estacionar.

Maus hábitos

Utilização de eletricidade desnecessária, uma vez que poderia aproveitar a temperatura ambiente para secar a roupa ao ar livre.

Utilização de eletricidade num momento que não é intencional. Desperdício de energia. Gasto na conta de eletricidade que poderia ser evitado.

Utilização de eletricidade num momento que não é intencional. Desperdício de energia. Gasto na conta de eletricidade que poderia ser evitado.

Utilização de eletricidade num momento que não é intencional. Desperdício de energia. Gasto na conta de eletricidade que poderia ser evitado.

Utilização de eletricidade num momento que poderia ser evitado, se aproveitar a luz natural.

Desperdício de energia. Gasto na conta de eletricidade que poderia ser evitado.

Ao realizar lavagens sem aproveitar a capacidade de carga máxima da máquina vai ter mais desperdícios de água e eletricidade porque vai realizar mais lavagens. Pode otimizar a utilização destes recursos se fizer lavagens com a capacidade máxima da máquina.