Como é que pode melhorar o seu sistema de geração de energia atual?
Se já é autoconsumidor existem diversas estratégias que pode utilizar para aperfeiçoar a sua instalação atual. Identificamos aqui duas formas através das quais poderá fazê-lo:
- adicionar componentes físicos ao sistema, ou seja, equipamentos; ou
- software para poder obter informação mais atualizada sobre a sua produção e, por conseguinte, conseguir otimizar a sua utilização.
Componentes físicos ou equipamentos complementares
Para aperfeiçoar a sua instalação poderá optar por uma, ou mais, das seguintes opções: reestruturação da instalação, aumento da capacidade de produção, armazenamento de energia e, finalmente, fontes de energia renováveis alternativas ou complementares ao sistema atual.
Reestruturação da instalação
Uma forma de tornar a sua unidade de Autoconsumo mais eficiente poderá ser a reestruturação da sua instalação atual. Para realizar esta reestruturação é importante que entre em contato com um eletricista certificado que irá analisar a sua instalação e potencialmente sugerir a substituição de alguns componentes por outros mais recentes.
Aumento da capacidade de produção
Outra estratégia poderá ser o aumento da capacidade de produção da sua unidade de autoconsumo através da instalação de painéis fotovoltaicos adicionais. No entanto, deverá ter em conta a capacidade máxima permitida de acordo com regulamentações locais (ver secção O que acontece na Região Autónoma da Madeira). Deverá considerar de igual forma, o número ideal de painéis para as suas necessidades atuais de forma a que não produza energia em excesso, que será inutilizada. É importante que o investimento seja dimensionado às suas necessidades energéticas, evitando investimentos que dificilmente poderão ter o retorno desejado. Se realmente fizer sentido o aumento da capacidade de produção, tenha em consideração que a substituição de alguns dos componentes poderá ser necessária, como por exemplo, o inversor poderá ter que ser substituído para poder dar resposta ao aumento da produção. Idealmente, deverá dimensionar o seu inversor em 120%, isto é, comprar um inversor que seja ligeiramente superior em termos de kW relativamente aos painéis para que possa optimizar a sua instalação. O próprio inversor está sujeito a perdas na conversão DC/AC logo é necessário dimensionar o inversor ligeiramente acima da capacidade total dos painéis para maximizar toda a energia que é produzida e convertida pelo sistema. Caso compre um inversor maior do que tem atualmente, deverá comprar um com duas entradas independentes (2 MPPT) para que possa instalar mais painéis diferentes (caso não encontre semelhantes aos que já tem instalados em casa), sem afetar o desempenho do sistema. Se optar por comprar um inversor novo, e tenha a intenção de adicionar baterias num futuro próximo, opte por um modelo de inversor híbrido ou com um protocolo de comunicação MODBUS/SUNSPEC. Se possível, use a mesma empresa que fez a primeira instalação para não perder as garantias, caso tenha ultrapassado o prazo das mesmas, consulte por favor a nossa seção listagem de profissionais a operar na região.
Armazenamento da Energia
Uma estratégia de otimiziação poderá ser a instalação de equipamentos de armazenamento de energia, especialmente se a sua instalação produz excedente suficiente para o efeito. As baterias são sistemas de armazenamento de energia produzida e são carregadas quando existe maior produção de energia. As baterias têm o objetivo de armazenar a energia produzida não utilizada. Esta energia será posteriormente utilizada em períodos em que os painéis fotovoltaicos não estão a produzir.
A bateria é composta essencialmente por dois elétrodos imersos num eletrólito, no qual se produzem reações químicas devido à sua carga e descarga.
As baterias têm, em média, um tempo de vida útil que ronda os 20 anos e garantias que abrangem em média os 10 anos. Pode monitorizar, através de aplicações específicas para o efeito, o funcionamento das mesmas, a produção gerada pelos painéis fotovoltaicos, a carga das baterias e os consumos da habitação.
Energias renováveis alternativas ou complementares
A instalação de sistemas complementares ao sistema fotovoltaico poderá ser uma forma de melhorar o aproveitamento de energia renovável. Como exemplos temos as turbinas eólicas e a bombagem solar.
Software de otimização
Optimizar a sua instalação através da utilização de informação obtida por um sistema de monitorização
A maior parte dos kits de sistemas fotovoltaicos incluem uma aplicação de monitorização de produção, no entanto, no caso de efetuar a compra dos seus painéis em segunda mão, poderá não ter acesso a um software ou aplicação que forneça detalhadamente o seu consumo e produção energéticos. Um sistema de gestão e monitorização de energia elétrica permite:
- Obter uma noção dos consumos energéticos da sua habitação;
- Visualizar graficamente os perfis de consumo;
- Visualizar graficamente os perfis de produção fotovoltaica;
- Havendo conexão à internet, permitem ter os dados sempre disponíveis em múltiplas plataformas (tablet, telemóvel, desktop);
- Monitorizar o seu histórico de consumo e produção e estabelecer comparações ou análises diárias, semanais ou mensais.
Estas aplicações, na sua maioria, não necessitam de ser instaladas por um profissional, visto que são equipamentos de medição não intrusivos e podem ser facilmente instalados por qualquer utilizador, desde que seguindo os manuais de instalação.
Aconselhamos a compra deste tipo de sistema, para que possa controlar de forma mais precisa estratégias para aproveitar cada vez mais e melhor a sua produção energética. Esta informação será importante para ter uma maior consciencialização de comportamentos que eventualmente tenha que modificar a nível doméstico. Ao escolher este tipo de aplicações procure uma solução que permita integrar dados provenientes de várias fontes como eletricidade, gás natural e água. As soluções open source permitem que após a aquisição dos equipamentos não fique vinculado a anuidades relacionadas com a utilização de software proprietário.
Estratégias de Gestão da Procura de energia (Demand Side Response strategies, DSR)
A gestão da procura da energia refere-se a um conjunto de medidas que visam reduzir a procura de energia em períodos em que o consumo tem os seus períodos críticos ou de maior pico de consumo. Esta redução é feita através da eliminação de uma parte do consumo de eletricidade ou através da mudança desta procura para períodos fora do pico de consumo.
As estratégias de gestão da procura podem ser implementadas quando os fornecedores de energia colocam à disposição dos seus clientes contadores de energia inteligentes.
Estas estratégias são geralmente levadas a cabo pelas empresas de fornecimento de energia e podem dividir-se em três grandes ramos ou tipos de estratégias.
- programas baseados no tempo de utilização;
- programas baseados em incentivos aos utilizadores, e;
- comportamentos de poupança de energia.
programas baseados no tempo de utilização
Os programas baseados no tempo de utilização de energia estão concebidos de forma a envolver os consumidores a controlar o consumo de eletricidade durante as horas de maior consumo ou com picos de consumo e beneficiar desta situação. Como exemplos deste tipo de programa temos:
Trata-se de uma tarifa na qual os preços da eletricidade variam com o tempo, geralmente projetada com base num período de 24h. Esta tarifa foi desenhada com o objetivo de incentivar o utilizador a alterar os seus hábitos de consumo para horários em que o preço seja mais baixo. Dos programas baseados no tempo de utilização aqui apresentados este tipo de tarifa é a única que já foi implementada na Ilha da Madeira, através dos formatos de tarifa bi-horária e tri-horária.
É uma tarifa em que o preço da eletricidade flutua de hora a hora, refletindo mudanças no preço geral da eletricidade.
Nesta tarifa os preços são determinados antecipadamente para as horas de maior pico.
A tarifa oferece descontos na conta dos consumidores quando estes reduzem o seu consumo nas horas de maior pico ou utilização. Os consumidores são notificados quando poderão existir picos de maior utilização para que possam alterar, durante esse período, a utilização de determinados aparelhos ou adiar a sua utilização para outra altura, ou ainda, substituirem por outros que efetuem menor consumo de energia, por exemplo ajustar o termostato para menos 1 a 3º C.
programas baseados em incentivos
Os programas baseados em incentivos são criados pelas companhias de fornecimento de energia e atribuem incentivos aos consumidores. As companhias assinam um contrato com os clientes que permite que a sua procura de energia seja reduzida, sempre que necessário. Este tipo de programas beneficia a companhia, uma vez que permite a redução do consumo nos períodos de ponta e, ao mesmo tempo, baixar os custos de produção (evita a ativação de geradores). Em termos dos clientes, estes programas são atrativos, pois permitem obter reduções nas faturas sem que a qualidade do serviço que lhes é fornecido diminua de forma indesejável.
Exemplos de programas de incentivos para os consumidores domésticos temos:
Com o objetivo de resolver o problema da fiabilidade ou as emergências regionais nos sistemas energéticos, o operador desliga ou controla remotamente o equipamento dos consumidores sem aviso prévio.
Reduzir ou interromper a carga em situações de emergência do sistema. Por exemplo, na climatização e aquecimento de água, uma vez que este tipo de cargas pode ter o funcionamento interrompido durante certos períodos de tempo, sem que a qualidade exigida pelo dono dos equipamentos seja prejudicada.
Processa a fiabilidade em caso de acidente do sistema causado por risco de operação da rede, cortes de energia, apagões, etc. Normalmente são ações de curta duração, que permitem evitar que os sistemas se desliguem (apagões).
Nestes mercados os utilizados prontificam-se a reduzir o seu consumo, recebendo para tal um incentivo. No entanto, caso não consigam atingir os níveis de redução desejados, haverá uma penalização.
Lidar com falhas do gerador, linha de transmissão e outros acidentes do sistema, causados por capacidade reduzida. Pode também participar no controlo de tensão, regulação da frequência e na reserva de recursos de gestão da procura.
comportamentos de poupança de energia
Os comportamentos de poupança de energia categorizam-se como comportamentos de investimento e comportamentos de restrição.
Os primeiros implicam investimento financeiro para melhorar o comportamento de poupança de energia, enquanto que os segundos requerem muito pouco, ou quase nenhum, investimento monetário para a poupança de energia.
Os comportamentos de restrição baseiam-se sobretudo na ideia que consumir menos e reduzir o uso dos aparelhos elétricos e da eletricidade tem um impacto positivo no meio ambiente. Como exemplos temos: reduzir ao máximo a compra de artigos novos e apenas comprar o necessário; reduzir o consumo de energia; ou até reduzir o consumo de água através da reutilização (como reutilizar a água de cozedura de vegetais para fazer sopa ou cozinhar arroz no dia ou refeição seguintes).